domingo, 18 de dezembro de 2011

Simons Town (Cape Town)

A costa sulafricana é realmente lindissima.
Os contrastes da topografia montanhosa com o mar, criam uma dramaticidade visual incrível.
Nas passagens que antecederam esta ultima que fizemos, nem pudemos observar tal beleza, pois a agressividade e nervosismo da meteorologia local não nos permitiram fazê-lo. Os últimos dias para não terem sido perfeitos, faltou apenas o ingrediete vento, mas, nada é perfeito.
Entramos na baia de Simons, por volta de 21:00, e numa linha reta alcançamos o iate clube de False Bay uma hora da manha.
Simons Town fica colada em Cape Town, na baia adjacente, um lugar mais tranquilo que a grande capital.
A chegada foi tranqüila apesar da confusão das luzes da cidade e das luzes de sinalização, graças a ajuda da minha marinheira e o estudo detalhado da área que fizemos antes da chegada.
Uma e trinta da manha estávamos atracados a nossa vaga, que havia sido conseguida por nosso querido amigo Sulafricano Peter, que conhecemos durante a viagem.
Esta completada a parte mais critica da viagem.
Aqui faremos a manutenção do Tuta para a travessia final - pintura de fundo, conserto do leme, troca de ânodos e inspeção geral antes da partida.
Dia 21 próximo iremos a Johanesburg encontrar a Flavia e o Tato e de lá rumaremos para o Kruger park onde passaremos o Natal.
O ano novo, prevemos passar em Cape Town.
Os preparativos do barco serão feitos no inicio de Janeiro, e a travessia iniciaremos entre o dia 15 e 20.
Possivelmente iremos fazer a costa da Namíbia, depois Santa Helena e de lá direto de onde zarpamos há três anos - Guaratuba - Parana.
Ficaremos "fora do ar" até então.
A quem nos acompanha , desejamos boas festas e muita saúde.
Agradecemos a todos que de alguma forma nos apoiaram.

Z

sábado, 17 de dezembro de 2011

Cabo das Agulhas

Hoje, 17 de Dezembro de 2011, as 07:00 UTC, dobramos o Cabo das Agulhas!
Boa Esperança, Tormentas, sabe la qual o nome, mas o fato é que estamos rumando norte em busca de calor e nos livrando deste pedaço sinistro de nossa viagem.
O mar esta calmo, sol, vento fraco.
Tudo bem a bordo.
Nossa posição, o cabo!

Z

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

East London - Port Elisabeth

Logo na manhã seguinte a nossa chegada, tratamos de "reconhecer" o terreno, pois nos pareceu que o lugar onde atracamos o Tutatis não era dos melhores, sem falar na área onde estávamos - o cais abandonado e péssimamente mal freqüentado..
Conseguimos um lugarzinho na marina do outro lado do rio (havia esquecido de mencionar que East London fica na margem do Rio Bufalo), e acabamos por nos transferir para la no dia seguinte.
Sempre alertados pelos locais para não sairmos da marina a pé nem com as bicicletas, nos sentimos meio prisioneiros em nossa estada, já começando a nos lembrar de como é a civilização.
Um dos amigos do Vince a quem fomos recomendados nos deu uma carona até o aeroporto local onde alugamos um carro para pelo menos conhecer um pouco da área em segurança.
Encontramos uma reserva particular de animais, onde passamos quase o dia todo - Inkwekwenzi, park.
Bem interessante nosso passeio, pois a direção do parque nos proporcionou uma visita a área a fim de podermos fotografa-la para o projeto do livro ao fim da viagem.
Elefantes e Chitas que pudemos interagir com eles, fora isso uma grande família de leões em sua maioria brancos. Lindos!
Aproveitamos o carro para provisionarmos e abastecermos o barco. De volta ao Tutatis, passamos a noite e o dia seguinte abaixo de chuva e vento, fruto de outra frente fria.
A mesma rotina, checando a meteorologia três a quatro vezes ao dia, em busca da próxima janela.
Finalmente surgiu outra oportunidade de seguirmos viagem, porem dois dias de tempo razoável.
Madrugamos novamente e saímos do canal as 6 da manhã, rumo a Port Elisabeth.
Em nossa parada em East London, ficamos sabendo que dos quinze barcos que estavam programados sair de Durban junto com a gente, apenas quatro o fizeram. Um deles o Empire (família Dinamarquesa) que chegou em nossa frente em East London, o Exabyte nossos amigos "Vikings" que resolveram não parar em East London ( entrarm em Port Francis - 40 milhas mais ao sul), e o único barco brasileiro que encontramos depois da costa Sulamericana, o "Carol" com o Raimundo fazendo a circunavegação solitário, também passou por East London e acabou chegando em Port Elisabeth com avaria no barco (a retranca foi amassada num jaibe provavelmente não intencional)... o vento por aqui faz dessas coisas.
O vento entrou logo cedo, e o mar cresceu rapidamente. Pouco pano em cima e la fomos nós...
O frio esta cada vez mais intenso a medida que avançamos ao sul. Já temos que colocar a porta totalmente fechada para manter a cabine aquecida e fazermos nossos turnos de dentro, cuidando do AIS e da navegação de forma mais confortável. Tivemos de tudo.. chuva, vento forte, vento exatamente na popa - nos obrigando a motorar, pois não me agrada perder tempo em sair de nossa proa num lugar desses. Meu objetivo é chegar e logo! Passamos por Port Elisabeth, pois o tempo parecia bom, e aproamos Mossel Bay.
Como navegamos o tempo todo ao longo da costa e próximo a ela, pudemos ter sinal de rede 3G, e assim as previsões meteorológicas podiam ser checadas mais rapidamente. Constatei que a janela encurtou, com a chegada de outra frente. Optamos por entrar em Port Francis onde nossos amigos estavam. Chegando na entrada da barra, vi que a coisa era complicada. Uma arapuca daquelas...
Construiram um molhe paralelo a praia, mas com uma abertura muito grande para o swell que entra sempre de sudoeste... as ondas são Imensas, estourando contra as pedras do molhe.
O canal tem uma largura mínima. Foi assim que decidi seguir viagem mais ao norte, ainda com tempo de chegarmos a Knysna.
Chegamos na barra de Knysna bem cedo, por volta de 6 da manhã, depois de motorarmos no contravento, vendo a pressão cair e cair...
A hora não era boa, pois as recomendações para a entrada da estreita barra é de fazê-lo uma hora antes da maxima da maré alta, e nos estávamos no meio da vazante. Os manuais falavam em 7 kt de correnteza contra. Chamei o pessoal do Rescue ( um serviço voluntario de resgate a ajuda aos navegantes na Africa do Sul, que funciona de maneira perfeita). Eles me fizeram algumas perguntas da perfomance do barco e disseram que eu não teria problemas em entrar.
Foi pura adrenalina passar a 5 ou 10 metros de cabeças de pedras enormes de um lado, ondas estourando do outro, e a correnteza e swell tentando tirar você da proa que é balizada por faróis.
Bom pelo menos que durou pouco.. e em cinco minutos estávamos dentro da grande e linda baia de Knysna.
Novamente, foi ancorarmos e o vento começar.
Ventou tanto que a nossa ancora não agarrou e tive que reposicioná-la.
Novamente o vento apertou chegando a 40/45 kt, e a ancora claro.. desgarrou de novo.
Já estávamos indo pra cima da praia atrás de nos, mas conseguimos nos safar. Por iniciativa da Sandra, resolvemos chamar o time do rescue novamente. Os caras em cinco minutos chegaram numa grande lancha com 6 ou 7 pessoas, todas paramentadas com roupa de neoprene, coletes, capacetes.. parecia filme de ação.
Foram muito eficientes, nos ajudando a amarrar o Tutatis a uma bóia abandonada que estava sem cabos. Joguei outra ancora também para poder ficar mais tranqüilo.
E assim passamos nossa primeira noite, em meio a vendaval e chuva, torcendo pra bóia agüentar.
Dia seguinte nossos amigos do GOBEYOND e do JANGADA, nos chamaram pelo radio para as boas vindas, e depois de algumas horas conseguiram um lugar pra nos dentro da marina.
Pudemos finalmente curtir um local na Africa sem nos preocuparmos com segurança.
Uma bela estrutura de lazer e turismo em volta da Marina, assim como da cidade, rodeada de condomínios de alto padrão.
Os dias passaram rapidamente, pois as atividades eram constantes, caminhadas, passeios de bike e até shopping.
Happy hour todo dia no barco de alguém.
Todos de olho no tempo também, na expectativa da próxima janela, pois quase todos tem familiares chegando para o final de ano em Cape Town.
Foram quase cinco dias bem aproveitados, mas era hora de seguir, pois o mau tempo deu uma trégua de uns três dias.

Knysna - Simons Town (Cape Town)

Ontem a noite foi outra comemoração, e despedida dos nossos amigos franceses do JANGADA que ficarão por aqui até o natal. Foi a festa da caipirinha (feita com rhun Frances).
Acordamos cedo pra variar, pois teríamos que estar na barra 7:15.
Saimos em fila indiana, o Tutatis, o Small Nest (Belgas), o Go Beyond(Dinamarqueses) e o Isle de Grace(americanos). A barra estava super- calma e não teve adrenalina desta vez.
O mar, calmo, assim como o vento e estamos motorando com as velas em cima aproveitando uma leve brisa que sopra.
O dia lindíssimo, com céu de brigadeiro e previsão de ficar assim até domingo a tarde.
Deveremos dobrar o cabo das agulhas amanhã cedo, e começarmos nossa volta mais para o norte em busca do calor.
Prevemos chegar na noite de sábado ou manha de domingo em Cape Town.
Tudo bem a bordo.
Nossa posição as 15:23 UTC de 16/12 34 28 S/ 022 03 E

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Durban – East London


Durban acabou ficando com a cara dos novos amigos que fizemos – Fred e Cris.
O acaso nos fez parar o Tutatis quase em frente ao novo “Estrela do Mar”, o novo catamaran do casal. Fomos “adotados” pelo Fred que nos paparicou a ponto de ficarmos bem acostumados.
Pudemos conhecer a cidade, seus bairros mais importantes, os pontos turísticos e em especial uma bela mostra da culinária, pois quase todos os dias éramos convidados para jantar em lugares exóticos. Por intermédio deles também, conhecemos e fizemos amizade com o skiper que esta treinando o Fred no novo barco – o Vince, figura querida, que tanto nos ajudou e tem nos ajudado no planejamento da descida dessa intrincada costa africana.
A marina em si, não seria nada demais, exceto o tratamento simpático e generoso do iate clube Point Marina, que nos permitiu usar as dependências do clube por duas semanas de graça (igual a alguns iates clubes que conhecemos em nossa terra). Fora isso, o comodoro do iate clube – Bob Fraizer, foi a nosso barco pessoalmente e nos convidou para um drink de boas vindas, onde pudemos conhecer outros velejadores que estavam na marina também.
Tive frustrado meu objetivo de tirar o Tutatis fora da água para pintura de fundo e inspeção do leme, pois o serviço de remoção é prestado por terceirizados, e este estava com as duas carretas ocupadas e sem previsão de ficarem livres.
Não pretendíamos deixar o barco em Durban para encontrar minha filha Flavia e o Tato que vem passar o natal conosco, e assim, resolvemos zarpar na primeira boa janela.
Esperamos quase uma semana, estudando diariamente as cartas sinóticas e grib, até que surgiu a dita cuja, porem mais curta que eu gostaria.
A noite que antecedeu nossa saída não dormi quase nada,e levantei cedo para novamente confirmar as informações das previsões.
Tudo certo, barco pronto, zarpamos olhando para trás, com saudades dos amigos que deixamos.
Motoramos as primeiras horas, como planejado, pois saímos na cauda da ultima frente que havia passado. Meu plano era motorar até umas 5 milhas fora da costa, onde provavelmente encontraríamos a corrente das agulhas.
Que corrente que nada... acabamos tendo que velejar orçando ( com vento de frente ), por um bom tempo, até que finalmente o vento virou para a popa, o mar claro.. cresceu, e encontramos a corrente. Resultado, andamos numa média de 10 kt, com velas risadas.
O mar bem desconfortável, com ondas entrando pela popa, lavando o convés. Velejamos o dia todo da saída, a noite e mais o dia seguinte, e devo ter dormido 2 horas nesse período, se muito.
Batedeira... Chegamos em East London 22:30, já com o vento virando para nossa proa novamente, devido a nova frente fria que estava de passagem... entramos no porto bem sinalizado e atracamos o Tutatis no bordo de um Catamaran local que o Vince tinha deixado acertado.
Arrumamos o barco da bagunça da travessia e desmaiamos na cama... lá fora o vento e a chuva nos lembravam do que escapamos.