quinta-feira, 28 de abril de 2011

Lizard Island - Vento

Estamos desde nossa chegada em Lizard Island, nos escondendo do vento forte que não para.
Ele varia de 25 até 35 kt, e o mar cresce proporcionalmente tornando dificil, desconfortavel e perigosa a navegação.
Com isto nossos planos de mergulhar mais próximo dos passes na entrada da grande barreira, estão ficando distantes, pois o tempo passa rapidamente, e temos um planejamento (comida, abastecimento, e outros etc) que precisa ser cumprido.
A meteorlogia preve que no final de semana (sabado a tarde mais precisamente) o vento comece a diminuir e domingo fique na casa da normalidade para esta area (15kt).
Ainda bem que o lugar é muito bonito e sempre achamos algo pra fazer.
A agua não é muito limpa, mas a fauna e flora marinha é muito rica e diferente de todos os lugares que passamos nessa meia volta ao mundo que ja demos.
Vamos aguardar como o tempo fica pra definirmos nosso roteiro e a seguir eu volto a escrever.

Z

domingo, 24 de abril de 2011

Lizard Island

O vento apertou a noite, e tivemos que reduzir ao máximo as velas.
Mesmo assim andavamos a 7kt em meio aos canais que meandram a grande barreira de corais.
O AIS sempre nos ajudando, mostrando e identificando os navios que cruzam conosco pelo caminho.
No meio da manhã avistamos Lizard Island, que segundo os manuais é a melhor ancoragem da grande barreira no setor norte.
A ilha tem várias histórias interessantes, começando pela passagem do capitão Cook por ela, passando por uma familia de colonizadores ingleses (Watson) que equivocadamente construiu uma casa sobre área sagrada do aborigenes e acabou tendo um fim trágico.
O ancoradouro fica numa bela enseada, com areia fina no fundo. Assim que jogamos a ancora, varios tubarõres cercaram o Tutatis, pois a gente tinha na popa um atum pendurado que haviamos pescado pouco antes de chegarmos na ilha e claro eles perceberam o "cheiro"do peixe. Junto com eles, notamos a presença de um mero e de outros peixes maiores.
Depois de ajeitarmos o barco da chegada, fui com o diguie até a praia para limpar o atum.
Na volta, mergulhei para checar a ancora e dei de cara com o mero que estava passivamente no fundo me observando.
A Sandra caiu na agua para poder observar nosso amigo.
Muito manso, deixou que chegassemos bem pertinho dele e fizemos algumas fotos.
Ventou muito durante o dia e a noite toda, e ainda hoje de manhã o vento sopra forte entre 25 e 30 kt.
Vamos decidir se seguimos viagem ou se aguardamos mais um dia esperando uma melhora de tempo.
Boa pascoa a todos.

Z & S

quinta-feira, 21 de abril de 2011

WithSundays / Cairns

Até o cair da noite, ainda tivemos o vento como companhia, mas bem fraco, e tivemos que ajudar um pouco com o motor. Mar calmo. Sem novidades. Próximos a entrada do canal de Townsville, o vento entrou novamente, e decidimos que seria melhor chegarmos em Cairns mais cedo que planejáramos, pois a água permanecia verde, sem possibilidade de mergulho. E assim foi que prosseguimos viagem. Mais 160 milhas e estaríamos chegando a Cairns. A noite toda tivemos vento não tão forte e tivemos que ajudar com o motor novamente. Porém de manhã, pudemos montar a Genneker "Gorda" como carinhosamente a chamamos. Ela estava feliz, cheia, e o barco andando a 8 kt, sem balanço algum. Foi a melhor velejada do ano. O dia todo assim. Infelizmente a noite, por prudência tivemos que desarma-la e montar a grande reduzida e a genoa, para seguirmos viagem. Mesmo assim, o barco andou bem. De manhã, ja avistávamos a silhueta da ilha de Fitzroy, próxima a entrada do canal de Cairns. Ao passarmos por ela apor nosso almoço, trocamos idéia sobre parar na ilha pra descansarmos e no dia seguinte seguir viagem. E foi o que fizemos. Genneker pra baixo, e 90 graus a esquerda na proa do ancoradouro de Fiztroy. A noite que era pra ser tranqüila, acabou sendo meio agitada devido a entrada de ventos fortes (previstos), e acabou que não descansei. DIa seguinte finalmente abaixo de chuva, levantamos ancora com destino a Cairns. Aportamos em nosso lugar na marina Marlin, as 15 horas. Ajeitamos o barco, e um banho de uma hora na bela e moderna marina. A cidade é pequena, mas muito interessante e bela. Tem infra-estrutura para turismo, pois nela chegam em seqüência vários transatlânticos e muitos vôos internacionais com passageiros de todas as nacionalidades que vem para conhecer a grande barreira de corais. Tudo limpo e organizado. Nossa intenção é arrumarmos o barco, o provionarmos e prepara-lo para zarparmos na primeira janela que aparecer, pois daqui iremos direto para Indonesia (quase 2000 milhas). Z

Lady Musgrave / WithSundays

Deixamos L. Musgrave, bem cedo, com vento fraco e motor, na expectativa da entrada de vento do setor sul. Até tirei a "Genneker" do armário na expectativa de usá-la. Nada de vento o dia todo. O mar parecia uma piscina. A noite não foi diferente, exceto um ventinho fraco que aproveitei para dar um descanso ao motor e velejar por umas três horas. Motor novamente. Resolvemos não parar em Percy Island, pois apesar da falta de vento, o tempo estava bom - coisa rara nessa região. A cor do mar me decepcionou um pouco, pois parecia estarmos dentro de nossas baias de Paranaguá ou São Francisco, apesar de estarmos em plena barreira de corais no Pacífico. Outra noite sem vento se seguiu. De manhã finalmente entrou um ventinho que nos ajudou bastante. Com todas as velas em cima, navegamos varias horas até nossa chegada em WithSundays, lugar badalado pelos Australianos. Aproveitamos para uma parada para abastecermos de água e diesel, ja que o consumo foi bem alem do planejado. A marina bem montada, feita pra barcos e clientes endinheirados alem da vila qual a Sandra foi conhecer e comprar pão enquanto eu abastecia o barco, pareciam cenários de novela.. tudo limpinho, arrumadinho, e cheio de turistas. Claro que zarpamos rapidinho. Ao cair da tarde (alias lindo por do sol), ja estávamos navegando novamente e nosso destino agora, Townsville, cidade costeira antes de Cairns. Z

Lady Musgrave

Os dias passaram rapidamente no ancoradouro de Lady. Voltamos a ter aquela sensação que tivemos nas ilhas da polinésia e Cooks, onde podíamos nadar, mergulhar e simplesmente aproveitar nosso "quintal" de casa. Mergulhamos no passe da entrada do atol e pude observar a quantidade absurda de peixes, dentre cardumes de caranhas enormes, cardumes de garoupas imensas, um mero dorminhoco no fundo da toca, e pela primeira vez uma espécie de garoupa muito grande, cinza clara com pintas pretas - parecia um dálmata ! Pra não falar na quantidade de anêmonas com seus palhacinhos de plantão (famílias inteiras). FIzemos amizade com uns alemães do barco "Carl", Harald, Petra e Ronald, com os quais dizemos alguns mergulhos. O Harald me ajudou no conserto de um probleminha que tivemos no limitador dos carrinhos da vela - ele tinha uma verdadeira "loja" de suprimentos no barco. Depois de quase quatro dias no paraíso, levantamos vela aproveitando outra janela e continuamos viagem para o norte, em principio destino Percy Island. Z

terça-feira, 12 de abril de 2011

Fraser Island / Lady Musgrave

Após um descanso merecido, levantamos ancora por volta de 10 da manhã.
Achei melhor reabastecermos de diesel. água e mantimentos no continente antes de aproarmos as ilhas da grande barreira de corais.
Pelos meandros dos canais entre o continente e Fraser Island, navegamos até Urangan, cidadezinha bem simpática com uma marina bem equipada, onde fizemos nosso "pit stop".
Enquanto eu cuidei dos abastecimentos do barco e do remanejamento do diguie, a Sandra foi até o supermercado.
Conseguimos zarpar por volta de 17 horas, numa bela final de tarde ensolarada, com uma brisa leve a nosso favor.
Já no cair da noite, deixamos pra trás os baixios do canal de Fraser e entravamos novamente no mar de Coral. A navegação até Lady Musgrave foi uma mistura de vela com motor, pois o vento era muito fraco.
Pudemos testar novamente o AIS que funcionou perfeitamente.
Avistamos a ilha faltando 10 milhas, pois ela é muito baixa, e o que vi primeiro foram os mastros dos mais de 10 veleiros que estavam ancorados dentro do atol.
A entrada no passe não é mostrada em nenhuma carta que tínhamos a bordo (Navionics, Garmin ou Cmap). A única referencia de entrada foi no manual do "Alan Lucas" - navegador que escreveu vários manuais desta região, e utilizamos como nosso guia.
Logo na entrada pudemos perceber o que nos esperava - agua cristalina, e um fundo povoado de corais.
Nosso primeiro mergulho foi depois de almoçarmos e descansarmos um pouco.
Mergulhamos exatamente no passe, e pudemos ver uma quantidade absurda de variedade de peixes em diversos tamanhos e cores.
Os corais também impressionam pela variedade de formas e cores. Pudemos perceber grande quantidade de corais mortos, mas também verificamos que muitos estão nascendo e repovoando a área que esta morrendo.
A noite foi muito tranqüila, parecendo estarmos numa marina, sem o menor movimento do barco, apenas o som ao longe das ondas batendo nos corais a distancia.
Deveremos ficar aqui por mais dois dias e depois seguirmos viagem para o norte, onde ainda não temos ao certo qual local iremos parar.
Z

sábado, 9 de abril de 2011

Mooloolaba / Fraser Island

Ultimo dia de Marina é bem parecido sempre. Agitação de provisionamento, água, combustível. Resolvemos deixar a marina na véspera de partirmos, para economizarmos uma diária e nos dirigimos até o ancoradouro próximo onde segundo um amigo, era "fácil e com profundidade boa". Claro que foi só soltarmos os cabos da marina e entrou um ventinho de 24 kt e chuva, pra ajudar na tentativa de ancoragem. A facilidade e profundidade que nosso amigo reportou, quase transformou nossa ida num encalhe vexatório. Voltamos pra marina rapidinho, e nos amarramos a ela novamente. Dia seguinte, bem cedo zarpamos. O mar e o vento, mostraram que não estavam com humor muito bom. Chuva fina, vento de 20 kt pra inicio de manhã e um mar confuso com swell da direita de até 3 metros, e ondas e marolas que vinham da esquerda (provavelmente do swell que reverberava na costa e voltava). Desconforto total em todas as quase 60 milhas até a enseada de Wide Bay, próxima a entrada do canal de Fraser Island. Ancoramos ja no final do dia. Mas, ancorados tínhamos a sensação de estarmos navegando, tamanha agitação pelo swell e vento. Conseguimos tirar um cochilo mesmo assim, mas por volta de 23 horas, recebemos um chamado de um barco australiano que conhecemos em Mooloolaba, que nos informou que tinha entrado na barra e que as condições apesar de marginais, a profundidade era boa. Resolví que ficarmos ali, seria noite jogada fora. Levantamos ancora, depois de estudarmos bem a entrada e combinarmos exatamente como seria a passagem. Não tenho muita coisa pra elogiar os Australianos ultimamente, mas não posso deixar de observar como são confiáveis as sinalizações dos canais por aqui. Lembram muito o sistema de docagem (quando encostamos os aviões nos fingers dos aeroportos) que usamos na aviação. Apesar da precisão, foi pura adrenalina, pois o vento chegou a 28 kt, e as ondas enormes, entravam pela popa, fazendo o Tutatis surfar. Eu não vi muita coisa, pois estava muito focado nas luzes e nas informações do plotter/gps pra perceber qualquer outra coisa. Sentia minhas pernas molhadas a toda hora - A Sandra me contou depois, que eram as ondas que estouravam na popa do barco e parte delas entravam no cockpit. Eu sentia o barco deslizar e as luzes sumirem de vez em quando também.. claro.. o Tutatis entrava dentro do cavado entre uma e outra onda, e la em baixo a gente não via nada exceto e escuro do paredão de agua a nossa frente. Emocionante! Depois, dentro do canal, ja com menos adrenalina, pudemos conversar e trocar idéias sobre o que passamos. Encontramos uma ancoragem logo na entrada do canal, jogamos a ancora e dormimos. Dia seguinte cedo, saímos navegando pelos canais entre o continente e Fraser Island, pois queremos chegar o mais longe possível para entrarmos novamente em mar aberto com destino as ilhas da barreira de coral. A navegação pelos canais lembram nossa paisagem caiçara dos mangues da baia de São Francisco e de Paranaguá. Os mesmos cuidados temos que ter também com relação a maré ( a correnteza chega a 3 kt em certos pontos ), e também com os baixios que mudam de lugar com o passar do tempo e as cartas, claro não se atualizam na mesma velocidade. Assim… diferente da tensão de navegar com mar grande e vento forte, dentro dos canais a tensão é de tocar o fundo do barco a qualquer instante em certos pontos. FInal do dia, alias lindo final de dia, tudo calmo, ancoramos num lugar lindo, onde lembrando frase de minha maninha querida, dava pra "ouvir" o silencio de tão quieto. Ficamos no convés algum tempo observando as estrelas, a lua que estava se pondo… nessas horas vejo que somos privilegiados. Daqui seguiremos direto para a primeira ilha da barreira de corais - Lady Musgrade. Z

Gold Coast / Mooloolaba

Os nomes de algunas localidades, ríos, parques e outras coisas mais aquí na Australia, são bem interessantes. Mooloolaba é um exemplo disso e como a maioria dos nomes esquisitos aqui, eles tem origem do aborígenes. Mooloolaba segundo pesquisei, diz respeito a uma cobra negra (mulla). Historia a parte, permanecemos em Gold Coast por mais de uma semana, e neste período enquanto aguardava a chegada do sistema AIS * que resolvi instalar no barco, entre um passeio de bike, muita chuva e algumas idas úmidas ao supermercado, deixei preparada toda a fiação dos instrumentos que iria instalar. Após receber o material, gastei mais um dia inteiro para finalizar, ajustar e testar o funcionamento do novo brinquedo. AIS * - Sistema Automático de Identificação - Este eletrônico, faz basicamente o que o TCAS (Traficc Colision Avoidance System) faz nos aviões, ou seja, você consegue "enxergar" os barcos e navios (principalmente) que estão a seu redor num raio de até 40 milhas, com informações precisas de proa, velocidade, deslocamento, destino, nome do barco, tipo de barco e mais outros itens. Isso complementa as informações que temos no radar que simplesmente apresenta um ponto na tela. Resumindo, torna nossas viagens mais seguras, principalmente a noite. Quem quiser ler mais sobre o assunto - http://en.wikipedia.org/wiki/Automatic_Identification_System Valeu a trabalheira, pois tudo funcionou como o previsto. Podemos monitorar os barcos tanto de dentro da cabine na tela do computador como na tela do nosso plotter no cockpit. Tive algum trabalho também por conta da adaptação do filtro do racor que apesar de pedido corretamente veio com a rosca diferente. Tivemos a visita de nosso amigo Bruno, que esta morando/ estudando em Brisbane, e veio a bordo para ver como é nossa vida e trocarmos algumas idéias. Tratamos de abastecer o barco e aproveitarmos a janela que se abriu para avançarmos mais ao norte, pois nossa data de 27/04 quando expira nosso visto na Australia esta chegando. Levantamos ancora cedo deixando pela ultima vez Gold Coast para traz. Ja sabíamos que a viagem seria chata, pois a previsão dava ventos de 20 kt, rajadas de até 25 na popa, com mar grande pela lateral. Lembramos as travessias do ano passado… muito rock and roll - mais roll que rock pra falar a verdade. Chegamos a Mooloolaba bem tarde (23:00), mas foi uma chegada tranqüila por conta da boa sinalização do canal. Cansados, nos amarramos ao píer da Marina e dormimos. Dia seguinte, mudamos o barco de lugar para que eu pudesse consertar o carrinho da ancora que estava com problemas. Rotina normal de limpeza, consertos e etc. Saímos com as bikes para conhecermos a cidade, alias muito linda. A praia apesar de bela, não nos inspira a menor vontade de entrar na água, pois é gelada, e o tempo ja percebemos a mudança da estação que a cada dia esfria mais. Verifico diariamente as condições de tempo e previsões que nos esperam ao norte. Incrível como a meteorologia que aprendi não serve pra muita coisa por aqui. Não existe nenhuma frente fria ou quente, não existe nenhuma oclusão, não existe absolutamente nada que justifique esse vento indecente que castiga a gente por mais de uma semana. A noite a gente ouve o gemido dos cabos do Tuta reclamando de intensidade do vento. Chuva intermitente, intercalada com rajadas de vento que jogam o barco contra o pier da marina. Assim foi nossa estada em Mooloolaba. Finalmente, depois de três dias de espera, apareceu uma janelinha menos ruim que nos possibilitou sair. Abaixo de chuva, claro, e vento fraco a principio que logo mostrou a cara não tão amiga. Z