sábado, 28 de maio de 2011

Bali

O vento definitivamente acalmou-se, até de mais pra nosso gosto.
Aqui é assim: 8 ou 80!
Poderiamos deixar o barco seguir nos 2 kt que ele conseguia andar, mas as velas batem muito e fazem o barco sofrer muito.
Achamos melhor motorar, até porque misteriosamente o barulho que tinhamos vindo da rabeta sumiu.
Prosseguimos motorando na expectativa de um ventinho, que na verdade vinha meio timido em algumas horas do dia e a noite - acho que isso já devido a influência das grandes ilhas da Indonesia.
A quantidade de navios e principalmente de sujeira (garrafas plasticas, sacos de supermercado, cadeiras plasticas e demais objetos) aumentou uma barbaridade, e passamos a observar com mais atenção a frente do Tuta.
Nada de peixe - também com uma sujeira dessas... eles estão mais é certos de ficarem la no fundo.
Tentamos acelerar um pouco mais no último dia, com objetivo de chegarmos ainda de dia em Benoa, o porto de entrada de Bali.
Mas Murphy, nosso companheiro inseparavel, sempre nos "ajudando", providenciou uma correnteza contra nas últimas horas que nos colocaram num dilema. Esperar do lado de fora da baia até de manha onde estava bem "nervoso" o mar, ou entrar a noite indo contra as recomendações de duas publicações que mencionam a má qualidade das marcações, boias e farois que se confundem com as luzes da cidade.
Achei melhor tentar a segunda opção pois o vento estava calmo, a lua era cheia e principalmente não queriamos mais uma noite acordados.
Seguimos bem lentamente pelo canal de entrada, com 2 kt de correnteza a nosso favor, e iamos "tateando" o caminho.
Os manuais estavam certos, pois a confusão de luzes nos atordoa.
Ainda bem que o clarão da lua nos ajudou bastante e pudemos seguir com segurança até o pier da Marina.
Atracamos por volta de 20:00 hs com a ajuda de dois guardiões da marina.
O nome da marina é pomposo - "Bali International Marina", mas é puro merchandising!
De International, só tem alguns veleiros que são de variados países, mas as facilidades que ela apresenta são péssimas.
A agua que nos cerca, é hiper-poluida, a agua da torneira não é boa para consumo e é cobrada (cara), a eletricidade da mesma forma cara e volta e meia cai, o pier é de flutuantes, mas muito mal construidos de forma que a gente andando sobre ele temos que nos equilibrar como se estivessemos bebados. Os chuveiros e banheiros sujos e mal mantidos.
Tudo isto se ameniza com a extrema simpatia do pessoal da marina, que sempre tem um sorriso no rosto e boa vontade em nos ajudar.
Depois escrevo mais sobre nossa exploração de Bali.

Z

sábado, 14 de maio de 2011

Indico - Indonesia

O ventinho que eu disse havia entrado, se tornou um vento consistente e claro que com ele, o mar cresceu.
Cresceu, e junto com o swell previsto nessa area, juntou-se as ondas provocadas pelo vento forte e a vida ficou miseravel dentro do Tuta.
Nada que não tenhamos sentido nesses anos de viagem, mas admito que não estava com saudades.
Nossas pernas, ombros e outras partes do corpo, misteriosamente começaram a ficar doloridas e com alguns roxos.
O mistério na verdade é fruto de tanto nos batermos andando pelo barco parecendo bebados.
Mas é o preço que pagamos para termos no nosso quintal os lugares que temos conhecido.
Os últimos dias foram meio monotonos e sonolentos, sem peixe, pois a tarefa de limpar e lavar o pescado fica dificil e despendiosa( agua que temos que racionar, pois com o mar grande não podemos produzi-la ).
A monotonia era quebrada quando o avião do Customs Australiano sobrevoava a gente e nos fazia as mesmas perguntas diariamente - "de onde vem, pra onde vão?" - que memória curta a deles!
Mas é legal temos a "companhia" deles nesses lugares tão distantes.
Faltam menos de tres dias pra chegarmos e ja estamos avistando ilhas que formam a Indonesia a nossa direita.
O mar deu uma acalmada, mas o vento continua.
Estamos com alguns probleminhas a bordo:
Constatei um rasdo de 10 centimetros na vela grande ( acho que fruto da idade e do rizo constante). O resultado é que não podemos usa-la exceto no rizo máximo (área mínima), e o barco não anda.
O vento esta exatamente em nossa popa, e por isso temos que fazer um zig zag pra avançarmos sem bater as velas.
Outro problema, um ruido de metal batendo surgiu da rabeta. Desconfio que o anodo se soltou em parte, e a vibração do motor, faz com que ele bata na rabeta e o som vem amplificado pra dentro do barco.
Para resolver o problema ou pelo menos ter certeza do que é, tenho que mergulhar.
Mas pra mergulhar com segurança nesse mar de 2.5 metros de ondas, fica complicado.
Assim resolvemos usar o mínimo o motor e somente em rotação baixa.
Quando mais perto de alguma ilha, ou o mar se acalmar, tentarei resolver isso.
O dia esta lindo e a previsão para os próximos dias é a mesma... sol, ventos de 15 a 20 kt e swell de 2 metros.
Tudo bem a bordo.

Nossa posição : S 10 23 E 120 02

Z

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mar do Timor

Até hoje de madrugada tivemos ventos fracos, mas suficientes pra usarmos todos os dias a Genneker (parecida com vela balão pra quem não conhece) e tivemos dias de velejada muito tranquila como a tempos não tinhamos. Durante as noites com a falta de vento a gente motorou. Nossa média de deslocamento não esta grande coisa devido a isso. De manhã finalmente entrou o vento prometido nas cartas meteorológicas, e ainda segundo as previsões deve aumentar e permanecer assim até final de semana.
O tempo continua bom, muito sol e um calor quase insuportavel durante o dia, refrescando a noite.
Estamos navegando no Mar do Timor, deixando o Mar de Arafura para tras.
Ontem tivemos a visita do avião do Customs Autraliano que sobrevoou o Tutatis e nos chamou pelo radio pedindo informações sobre nosso destino e porto de origem. Ainda ontem mandamos um email para o serviço de fronteiras da Australia, pedindo uma parada técnica em Darwin para reabastecimento e reprovisionamento do barco e ontem mesmo recebi resposta positiva, mas optamos por prosseguir direto para Bali com opção de pararmos em Kupang (Timor) caso precisemos.
Temos combustivel suficiente para chegar em Bali, mas nossas verduras e frutas acabaram. Segundo a nutricionista a bordo :), não há a necessidade destes dois itens pois temos outros produtos que substituem os que faltam.
Assim com o ventinho que chegou, deveremos chegar a Bali em uma semana.
Agora a pouco plotei nossa posição e constatos que completamos meia volta ao mundo, o que significa que a partir de agora estamos a cada dia mais pertos de casa.
Nossa posição : S 10 33 E 130 35

Tudo bem a bordo.

Z

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Golfo de Carpentaria

Ontem e hoje não houve nada de novo, exceto os nomes dos mares, golfos e vizinhanças que estamos navegando. Mar de Arafura, Golfo de Carpentaria, Oceano Indico, Papua Nova Guiné e por ai vai...
Depois que saímos do Estreito de Torres, ainda navegamos em aguas muito tranqüilas, com vento entrando na popa/aleta e ainda com correnteza de 2kt a nosso favor, por um bom tempo. Quando saímos do platô de 10/25 metros que circundam o Estreito, o mar começou a se agitar meio confuso, com o swell vindo da direita e as ondas trazidas pelo vento da esquerda. Pudemos matar as "saudades" da "máquina de lavar roupa" do Pacifico. É bem desconfortável navegar assim.
Experimentamos montar a Genneker, e as coisas melhoraram, pois ela não deixa o barco desacelerar muito, e mantém uma velocidade mais constante.
A área que estamos navegando é bem pouco freqüentada, e somente de vez em quando cruzamos com um barco de pesca ou navio.
Mais três dias e deveremos passar a lateral de Darwin na Australia, e estaremos em mar aberto no Indico. Esperamos chegar em Bali dia 17.
Nossa posição : S 10 41 E 138 18
Tudo bem a bordo.
Z

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Estreito de Torres

Chegamos ao Estreito de Torres ontem de manhã por volta de 8:00 hs, depois de uma longa noite de muita (a)TENSÃO, cuidando do sepetentear pelos canais da barreira de corais e das dezenas de navios que dividiam com a gente os canais.
Nem eu nem a Sandra pudemos descansar e estavamos exaustos para prosseguir.
Fora isso a meteorologia previa ventos (mais) fortes a noite e chuva. Achamos melhor pararmos numa ilhota de nome Adolphus que fica bem ao lado do canal principal de acesso a Thursday Island (ponto final do estreito e porta para o mar de Arafuta/Indico.
Foi otimo temos parado, pois conseguimos ajeitar a bagunça do barco, fazermos agua, transferir diesel das bombonas para o tanque principal e ainda a Sandra fez um bolo de limão delicioso.
Fora isso descançamos para a próxima travessia até Bali.
Dia seguinte (hoje) madrugamos e 6 da manhã já estavamos no canal do Principe de Gales a caminho de Thursday Island.
A hora teve que ser essa em função das fortes correntezas que eixstem nessa área e é regida pelas marés.
Não da para brincar com maré aqui nessa região, pois as correntezas chegam a 5 kt contra ou a favor, e no nosso caso, a velocidade do barco.
Em compesação como premio pela madrugada, estavamos no lugar certo na hora certa e chegamos a navegar a 11 kt no canais, e rapidamente ja estavamos navegando no mar de Arafura.
O vento sumiu durante a tarde e a temperatura ambiente subiu muito...
Tivemos que motorar um pouco e agora no inicio da noite, o vento voltou timido depois de mais um espetaculo de por de sol - nosso primeiro no Indico.
Nossa posição : S 10 33 E 141 31
Tudo bem a bordo.

Z

domingo, 1 de maio de 2011

Navegando novamente

Anteontem finalmente o vento baixou de intensidade um pouco permitindo que pudessemos ir até os recifes da grande barreira para nosso mergulho de despedida da Australia.
De Lizard Island até o recife "Cod Hole" demoramos duas horas e meia para percorrer apenas 10 kilometros, pois o vento mesmo menor estava na proa e com 20 kt.
Valeu a pena, pois a beleza dos corais é algo de se perder o folego literalmente.
Caindo na agua dois merotes que eles chamam de cod estavam me esperando em baixo do barco.
Palhacinhos por toda a parte, e uma quantidade enorme de conchas gigantes multicoloridas.
Perdemos até noção do tempo e acabamos por chegar de volta a Lizard ja noite, mas como tinhamos os waypoints do caminho e do ancoradouro que estavamos foi facil.
Dia seguinte (ontem), acordamos cedo e partimos de Lizard finalmente, pois a previsão de tempo era boa, com ventos de 20kt.
Foi uma bela velejada, apesar de pouco pano (a grande no riso 3 e a storm jib), navegamos a 7kt de média.
Vento e correnteza, tudo leva a gente pra o estreito de torres, o gargalo do pacifico.
Ja de saida uma perda... figuei um peixe e ele levou toda minha linha, rapala e quase leva a vara junto.
Devia ser dos grandes!
A noite foi agitada, pois os canais que permeiam a grande barreira permite a navegação de grandes navios cargueiros, e a gente cruza com eles o tempo todo. Fora a atenção enorme que temos que ter nos meandros marcados por farois e marcadores, e mesmo apesar das cartas serem precisas, não nos deixam pregar os olhos.
No turno da Sandra foi mais agitado ainda, e ela teve que até trocar mensagens via radio com um cargueiro que iria nos ultrapassar, pedindo pra gente abrir mais espaço pra que ele pudesse fazer a manobra.
O AIS ajuda muito nessas horas.
Ainda no turno dela, um atoba resolveu pousar na cruzeta (mastro), no meio da noite e coitado cansado despencou la de cima e caiu em cima dos paineis solares e deve ter escorregado para perto do gerador eólico... final trágico.
Hoje de manhã, figuei um Wahoo que vai nos alimentar por quatro dias...
O tempo continua bom, e o vento diminuiu um pouco.
Deveremos chegar ao nosso ponto de ancoragem (Escape River) amanha cedo, onde aguardaremos a hora correta para atravessar um dos canais do estreito. Temos que aguardar a hora certa da maré, porque se estivermos na hora errada, a correnteza de 5 kt que ira nos ajudar, estara contra nós... ou seja, não andaremos pra frente.
Amanhã daremos noticias.
Posição atual : S 12 43 E 143 32

Z