quinta-feira, 1 de março de 2012

Chegada


Conforme havíamos mencionado na ultima postagem nossa velocidade caiu muito na sexta feira.
Mesmo assim avançamos bastante.
Ainda faltando 30 milhas para nosso destino, recebemos um chamado pelo radio VHF de nossos amigos Mario e Guto, que vieram nos dar as boas vindas cada um em seu avião – dois lindos anfíbios, e fizeram uma bela apresentação com as evoluções a nossa volta.
Fizemos uma parada na ilha de Itacolomi, bem próxima da entrada da barra de Guaratuba, para que eu pudesse mergulhar e avaliar o estado do hélice, pois uma vez dentro da baia de Guaratuba, sabia que seria difícil um mergulho devido a visibilidade restrita.
Quando estávamos por sair, chegaram numa lancha novamente os nossos amigos que nos receberam de avião, acompanhados de meu irmão Tonico, do Luiz e do Marcelo, fazendo festa novamente e nos trazendo suco de laranja geladíssimo, agua, ameixas deliciosas, sonho e muito gelo.
Nunca bebemos tanto suco ao mesmo tempo.
Que valor a gente da a essas pequenas coisas do dia a dia, quando nos privamos delas por algum tempo.
A surpresa foi maravilhosa e inesquecível.
Dali levantamos ancora e seguimos para a entrada do canal da barra de Guaratuba.
Entramos baia a dentro até a marina ladeados por algumas lanchas e jet-skis que vieram nos receber também.
Sábado dia 25 de Fevereiro as 10:00 da manha, depois de 926 dias e 10 horas, quase 55.000 quilômetros, três oceanos, muitos mares, dezenas de ilhas, outras dezenas de países, muita agua, muito sol, algumas tempestades, muito vento, pouco vento, muitos consertos, muitos amigos e milhares de fotos, chegamos de onde saímos, completando nossa circunavegação.
No píer da Marina do Sol, fomos recebidos por parte de nossa família e muitos amigos que fizeram uma bela festa em nossa homenagem.
Agradecemos ao nosso bravo Tutatis, em especial nessa ultima etapa nos trouxe com segurança até nosso destino, sem problema algum – exceto a linha que se enroscou no hélice, não por sua culpa.
A minha companheira, maruja querida que abraçou meu sonho, acreditando em meu projeto e que tanto me ajudou a torna-lo realidade, deixo aqui meu eterno agradecimento.
A todos que de alguma forma contribuíram ou fizeram parte desta historia, registro nossa gratidão.
A aqueles que nos seguiram pelo blog nestes quase três anos, agradeço a força e a energia que de alguma forma chegou até nos.
O blog deixara de ter novas postagens e ficara “no ar” por mais algum tempo.
É nossa intenção dividir com quem tiver interesse, as imagens que coletamos ao longo de nossa viagem, através de um livro que em breve pretendemos editar.
Novamente obrigado a todos.

Z.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Mais um pouquinho... 200 km

Ainda tivemos mais outro dia de mar confuso e agitado anteontem, mas desde ontem de manhã, o vento foi acalmando, e o mar aos poucos diminuindo.
Por volta do meio dia, ja estavamos subindo velas novamente e aproveitando a "acalmada" para colocar a casa em ordem.
Incrível como mar agitado bagunça um barco, e mais a umidade e melado do sal do cockpit.
Ao entardecer de ontem o vento acalmou-se de vez, e desde então estamos motorando.
Finalmente pudemos descançar numa noite calma com céu estrelado.
O amanhecer hoje foi muito bonito para variar.
O céu em diversos tons de vermelho ao lilas.
Uma brisa meio tímida nos acompanhou o dia todo, ajudando o motor a avançarmos.
A previsão é de que as coisas continuem assim amanhã também, e devido esta falta de vento, muito provavelmente iremos atrasar um pouco nossa chegada.
Deveremos pernoitar na ilha de currais para descançarmos e no sabado cedo sairemos com destino a barra de Guaratuba.
Nossa nova previsão de chegada na marina para 10 horas da manhã de sabado - horario local.
Apesar de não termos contato visual com a terra ainda, ja percebemos nossa aproximação da civilização, pela cor do mar e infelizmente pela quantidade de lixo pelo caminho - copos plasticos, garrafas plasticas, sacos de lixo, copos de yogourte e coisas afim.. pobre mar.
Outro sinal da proximidade de terra, as trovoadas e nuvens pesadas que avistamos no horizonte na direção da linha da costa. sem falar nos passaros que começam a surgir. Incrível, mas afastados de terra no mínimo 150 km, começaram a aparecer insetos... pernilongs, moscas, e até uma mariposa.
Depois de quase 18 dias de ar absolutamente puro.
Vamos ver como sera o choque da chegada na civilizaçào.
Temos falado com o Miguel e minha irmã Carmen diariamente, que pacientemente tem nos ajudado.
Ontem a noite consegui baixar as cartas meteorologicas via uma estação de radio no Panama, e hoje tentarei novamente, enviando esta atualização do blog.
Nossa posição em 23/02/2012 as 22:15 25 35 S / 046 27 W

Tudo bem a bordo.

Z

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Restam 590 km...

Na última atualização do blog, pela pressa de enviar logo a postagem, esqueci de mencionar o dia previsto de chegada : em pricipio sexta feira dia 24 as 19:00, mas tudo depende das condições de meteorologia, claro.
Falando em meteorologia, esta noite foi "daquelas"... O vento previsto para 30 kt e mar de 2,5 metros foi bem diferente.
Tivemos a noite inteira ventos de 35 a 40 kt, e o mar proporcionalmente cresceu, e cresceu...
Muitas ondas estouradas contra o casco e o cockpit deram vários banhos tanto na Sandra quanto em mim nos nossos turnos.
Ninguém dormiu, pois se fora os banhos eram constantes, dentro da cabine o balançar nos jogava contra as paredes do barco e na cama, nos grudava contra a lateral.
E a gente que estava classificando esta última como a melhor passagem!
E hoje de manhã apesar de sol, o vento e as ondas continuam fustigando o Tutatis até o limite.
Desde ontem a noite quando o vento apertou, estamos com a "main" no quarto rize e com a storm jib, mesmo assim andando a 8/9 kt, chegando as vezes a absurdos 12kt.
Estamos nos desviando mais para o Sul, pois as ondas estão bem na lateral, então a gente abre um pouco nossa proa pra que elas venham mais pela popa, minimizando o balanço.
Ja desviamos quase 15 milhas, e logo teremos que "encara-las" pra poder chegar em casa.
Passamos a lateral do Rio de Janeiro e pudemos ver o clarão da cidade ao longe.
Onde navegamos no momento existem várias plataformas de petróleo, ou em atividade ou sendo trasportadas num tráfego intenso de navios que monitoramos pelo AIS.
Continuamos com nosso estimado de chegada sexta feira as 19:00 hs, e infelizmente acredito nao termos como confirmar via blog.
Tentaremos mesmo assim uma postagem amanha via radio, se conseguirmos contato.

Nossa posição em 22/02.2012 as 11:00 UTC 24 57 S / 042 48 W

Tudo bem a bordo

Z

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ultimo update

Recebi nesta manha atualização da meteorologia, e de acordo com o boletim da NOOA - com os americanos eu consegui oque aqui não venho conseguindo a semana toda, duas frentes frias estao plotadas no traves de Santa Marta - RG, se deslocando para o mar.
Com isso, estamos defitivamente confirmando que estamos seguindo direto para Guaratuba.
Com o vento Nordeste que esta nos impulsionando, existe a grande chance de chegarmos na barra de Guaratuba antes das 19:00 horario local.
A partir de amanha provavelmente estaremos sem contato devido a inexistencia de uma estacao radio SSB/Pactor com sinal decente nesta area, e nosso Iridium parar de funcionar amanha devido o fim do contrato.
Assim, provavelmente nova atualização somente após nossa chegada, ou para quem quiser saber onde estamos, com minha familia ou a da Sandra.
Estamos passando a lateral de Cabo Frio, estado do Rio, faltando 430 NM para chegarmos.

Tudo bem a bordo.

Z

Faltam 900 km...

Ja estamos em território brasileiro oficialmente (dentro das duzentas milhas).
Ja estão aparecendo mais navios no AIS, e o vento nordeste que eu tanto esperava começou soprar ontem no final da tarde.
Desde então já não motoramos mais.
O vento deve melhorar hoje mais a tarde e permanecer assim até amanha (no momento esta soprando de NE com 16 - 20 kt), e mais tarde previsto de 20 até 30 kt.
Ontem a tarde conversei com o Miguel pelo SSB, e tive a felicidad de conversar com minha filha Fernanda e meus netos.
Saudades... da um nozinho na garganta.
Na conversa, ficou confirmado o boletim que eu havia baixado durante o dia, mostrando que a frente fria prevista para quinta feira em Guaratuba, esta se desviando para o mar - reconfirmarei hoje, e dai replanejarei nossa nova estratégia.
Nada, de peixe ainda.
Pobre Sandra, não tem mais o que "inventar" para variar nosso cardápio, e pra completar nosso gas esta no final (saimos com dois botijões que foram completados da África, e normalmente dão para 3 mese cada um)... provavelmente algum espertalhão africano deve estar rindo a essa hora.
Acredito que com o restinho dos dois botijões vai dar pra termos comida quente até nossa chegada.
Ontem ainda, fiz uma contratura na musculatura paravertebral, e a "coisa" ficou feia pra mim, pra completar.
Ja me mediquei e estou me medicando. Agora é esperar o resultado. Dificulta bem as manobras com as velas, mas a minha maruja me ajuda em tudo.
Tirando isso, tudo bem a bordo ! ufa...

Nossa posição em 21/02/2012 as 9:56 UTC 24 05 S / 039 54 W

Z

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Faltam 1370 km...

Os útimos dois dias foram com pouco ou nada de vento.
Resultado dessa convergência de massas de ar, uma mais fresca vinda da África e a outra mais aquecida vinda do continente sulamericano... dai, agua em cima da gente.
Bom pra lavar o barco e pra refrescar o calor que tem feito.
Teorias meteorológicas a parte, bem que poderiamos ter um ventinho nordeste logo para continuarmos o bom rendimento que vinhamos tendo. A previsão é que nos aproximando mais do continente o vento sopre.
Temos tido dificuldade em obtermos a carta sinotica do Brasil, pois alguma coisa parece errada com o sinal emitido pela estação da marinha brasileira, que nosso equipamento não reconhece e simplesmente não podemos baixar as imagens.
Nessa fase da viagem seria muito útil.
Nosso amigo Lauri, enviou-nos um email ontem, dizendo que existe uma frente fria a caminho, e que devera passar por Guaratuba quinta feira no final da tarde.
Dificil avaliar a situação sem ver a imagem, mas como não tenho a menor intenção de enfrentar essas velhas conhecidas frentes frias (agora pelo mar), ja estou me aproximando mais da costa brasileira que o planejado, para o caso de nos abrigarmos no caminho.
Isso deverá atrasar nossa chegada que inicialmente estava prevista para dia 25 - Sábado.
É um tanto cedo para definirmos se vamos parar e onde iremos fazê-lo, então assim que definirmos isso, postarei no blog, senão só daqui a depois de amanhã atualizarei as postagens.
A rotina a bordo continua, ontem a padaria estava a postos e tivemos pão fresco delicioso.
Nada de peixe ainda... apenas mais uma rapala que perdi (outro ser de grande porte provavelmente).
E viva as latas!
Estamos sobrevivendo bem sem a geladeira, sentindo falta claro do conforto de uma agua gelada, uma fruta mais fresca, os laticinios e carnes que tinhamos.
Mas incrível como a gente se adapta.
Ontem no início da noite o primeiro navio que avistamos... acho que de bandeira chinesa, saindo de Vitória com destino a China, via Cape Town (provavelmente levando nosso minério de ferro).

Nossa posição em 19/02/2012 as 11:39 UTC 24 16 S / 035 03 W

Tudo bem a bordo,

Z

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Faltam 1854 km...

Logo depois de eu ter atualizado o blog, Murphy atacou novamente.
Estava tudo tão bem, tempo bom, boa velejada, astral alto, o motor quando necessário parecia um reloginho suiço e etc.. apenas o peixe escaço.
Como eu ia dizendo, estava tudo bem, com as duas linhas na água na tentativa de fisgar nossa proteina, funcionamos o motor para carregar as baterias e fazer um pouco de agua. O piloto automático desacoplou quando estavamos longe dos comandos e o barco fez um "jaibe" (curva brusca) de 180 graus quase. Adivinhe.. as linhas foram parar em baixo do barco!
Até chegarmos aos comandos e desligarmos o motor, já era tarde.
Elas se enrolaram no hélice.
Eu sabia que tinhamos um problema agora, só não sabia se era grave.
O vento estava forte, e o mar um pouco alto (2.3 m), e achei melhor não arriscar entrar na agua para averiguar e esperar uma condição melhor.
A tardinha, o vento acalmou e o mar cedeu um pouquinho, "capeamos" o barco e entrei na agua de faca em punho.
Gastei mais de meia hora e pelo menos uns vinte mergulhos, com o barco batendo em minha cabeça, nadando contra a correnteza e admito com receio que um tubarãozinho faminto aparecesse. Removi muita linha, mas constatei que um anel solido de nylon se formou pelo atrito e tensão, travando o hélice. Fiz o que pude, mas não consegui remover.
Ainda bem que fomos agraciados com a melhor e mais bonita noite da travessia. Ventos favoráveis, mar tranquilo e nada de chuva.
Metade da noite passei pensando num plano de remover o anel que nos impedia usar o motor, que certamente seria necessário mais a frente pela previsão (confirmada algumas horas depois) de total falta de vento.
Por volta de meio dia de ontem o vento acalmou e o mar também.
Planejei mergulhar de aqualung desta vez, com ferramentas mais apropriadas.
Serra de metal, formão, marreta e alicate minhas armas.
Meia hora depois, muitas cabeçadas no barco e alguns cortes nas mãos estavamos livres novamente.
Removi algumas dezenas de metros de nylon, e mais dois anéis sólidos (postarei a foto no blog após a chegada).
Minha preocupaçao agora é verificar constantemente o óleo da rabeta, que pode sofrer de contaminação de agua salgada com a possível fissura do anel de vedação que foi pressionado pelos anéis da linha de nylon.
Desde ontem após isto, estamos motorando pela total de falta de vento e chuvas intermitentes, até agora.
O dia "promete" hoje ser a mesma coisa das últimas 12 horas... nada de vento e muita chuva. Provavelmente esse comportamento do tempo é pela transição do final dos ventos alíseos e o início da influência do continente brasileiro no movimento das massas de ar.
Em compensação a toda esta mão de obra e mais a perda de duas linhas e as duas melhores iscas que tinhamos, não pescamos nada.
Fiz uma nova linhada, e desde ontem esta na agua novamente, mas, nada de peixe.
Passamos a lateral de Trindade e Martin Vaz, uma das ilhas oceanicas brasileiras. Tinhamos até vontade de conhecer, mas tudo que lemos a respeito das ilhas, falam da inexistência de ancoragem segura. Pra ir lá e ficar babando de vontade de mergulhar e não poder parar... achamos melhor nem ver e seguir direto.
Esperamos melhores condições de tempo e vento a partir de domingo.

Nossa posição em 17/02/2012 as 12:09 UTC, 23 14 S / 030 19 W

Tudo bem a bordo,

Z

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Restam 2370 km...

Temos um amigo que mora em Perth - Australia, o Lauri, que tem nos ajudado muito com a meteorologia.
Ele mesmo brincou com a gente que estava a "bordo" conosco.
Fica aqui o registro de nosso agradecimento a ele pelas preciosas informações que nos passa.
Informações essas que nesta área são bem difíceis de conseguir, pois o Brasil é um dos poucos países que não existe um radio amador que faça parte da rede winlink, e somos obrigados a recorrer a estação da África ou das Canárias. A primeira não prima pelo bom serviço e a segunda, um tanto distante e congestionada.
Assim, temos tido muita dificuldade em "baixar" cartas sinóticas e até mesmo acessar nossos emails.
Temos recorrido uma vez por dia ao Iridium (telefone satelital), mas temos que economizar, pois nos restam poucos créditos do sistema pré-pago, que não há como renova-lo navegando.
Mas vida de cruzeirista é esta mesmo - gerenciar os recursos o tempo todo!
Agua, energia, diesel, comida e até comunicação.
Mas no final tem dado certo - privações a parte.
Vou aproveitar para deixar um recado aqui no blog, ao pessoal da marina porto do sol, pois não consegui resposta a meus emails - provavelmente bloqueio do servidor. Pediria que entrassem em contato com minha familia informando qual melhor data para nossa chegada e tambem os waypoints do canal, pois os que tinha de tres anos atras foram perdidos por pane em nosso sistema, e imagino que o canal deva ter mudado em tres anos, desde nossa saida.
Nossa rotina continua, tempo bom de dia, muito sol e bons ventos, mas a noite, chuvas, rajadas e um pouco de desconforto.
Nada é perfeito.
Nada de peixe - apenas uma de nossas linhas foi levada com isca, anzol e tudo o mais.
Não da pra escolher o tamanho do ser que come nossas iscas, e este deveria ser grande.
Hoje a tarde estaremos completando metade do caminho até nossa casa.
Nossa posição em 15/02/2012 as 11:35 UTC 22 05 S / 025 33 W

Tudo bem a bordo.

Z

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Restam 2800 km

O comportamento do clima continua muito parecido. Tardes e noites tranquilas , manhãs e madrugas agitadas.
Já estamos sentindo calor para dormir dentro do barco e para os turnos já despensamos uma das camadas de agasalho que geralmente usamos. Eu adoro esse calorzinho novamente...
Nada de peixe!! Incrível, acho que a natureza se revoltou com minha bronca com os atuns. Nossas frutas frescas ainda estão bem preservadas embaladas em papel de alumínio. Ótima dica para quem não tem geladeira à bordo.
Manteiga e queijo acabando e com MUITA resistência vou abrindo algumas latinhas que tanto condeno, mas dessa vez tenho que admitir que os conservantes nessa hora tem o seu valor!

Estamos bem, moral alta, mais de um terço do caminho já percorremos.

Nossa posição dia 13/02/2012 as 11:00 20 49 S / 020 38 W

Sandra

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Restam 3410 km

Nada de novo.
A não ser o comportamento do tempo nessa área.
Do final da manhã até o meio da noite, ventos ótimos, mar tranquilo e boa velejada ... mas no início da magrugada, sempre uma ou outro cumulo super-desenvolvido desagua em cima da gente, e o vento acelera.
O mar fica revolto e nossa tranquilidade vai embora.
De manhã, o dia amanhece meio nublado e vai limpando e tudo se repete.
Nenhum barco, nenhum navio, nenhum peixe.
Nada exceto um avião que passou sob nós, provavelmente de Angola para o Brasil.
Estamos nos virando sem geladeira, e a chef Sandra tem feito seus quitutes com muita criatividade.
Hoje passamos a marca de 25% do trajeto... uma boa média, mas certamente ao nos aproximarmos da costa ira baixar.
Temos aproveitado pra botar a leitura em dia, talvez hoje role seção de cinema :)

Nossa posição dia 11/10/2012 as 18:00 19 31 S / 016 04 W

Tudo bem a bordo

Z

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Restam 4020 km

Quinhentos quilometros ja foram percorridos!
Nossas postagens daqui até a chegada, serão a cada dois dias e o titulo sera sempre a kilometragem restante.
Muito bom navegar no Atlântico Sul, nessa área.
Não que o mar e o vento sejam sempre dóceis e confortáveis - ontem e hoje não estão sendo por exemplo, mas a grande diferença dos outros mares que navegamos, sempre há a preocupação constante com as perturbações meteorológicas, ventos fortíssimos (gales), swell enorme, frentes e tormentas que surgem do nada.
Aqui quase tudo é previsível, e nossa preocupação é apenas o ajuste de velas para termos mais conforto a bordo.
Ontem com o restinho de gelo que apanhamos na saida, ainda pudemos saborear agua, suco e leite gelados, porém hoje de manhã, tivemos que jogar fora toda agua dos recipientes onde estavam o gelo que derreteu.
Agora a realidade.
Ontem também, primeiro dia de comida enlatada - mini-camarões, que foram super bem preparados pela Sandra, num risoto.
Nada de peixe até agora - as linhas estão na agua desde a nossa saída.
Como não temos nenhum tipo de carne fresca, o jeito é apelar para as latas e rezar para fisgarmos algum peixe.
Os dias tem sido ótimos, cada por de sol mais bonito que o outro, e o nascer da lua cheia nestes dias, um show a parte.
O vento não para... apenas aumenta ou diminui, empurrando-nos para a costa do Brasil.
Ontem a noite uma pequena ave pegou carona com a gente por algum tempo, coitada, cansada de bater asas (a ilha mais próxima é Santa Helena - 500 kilometros).
Nossa posição em 9/02/2012 as 12:45 UTC 17 40 S / 010 35 W

Tudo bem a bordo.

Z

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Santa Helena - Rumo de casa

Exatamente 7 dias foi o tempo entre nossa chegada e nossa saída desta ilha perdida no meio do Oceano Atlântico, claro a maior parte do tempo gasta em trabalho de reparações e preparo do Tutatis para a última etapa da viagem.
Tentei de todas as formas trazer a vida a geladeira, que tanta bateria comeu nesses anos de viagem, mas foi impossível. O design do sistema, as dificuldades em encontrar componentes eletrônicos, e a burocracia sistemática do departamento de vendas ou atendimento ao cliente do fabricante em Joinville, culminaram com nosso insucesso em fazê-la funcionar novamente a despeito do esforço de nosso novo amigo Colin - técnico em eletrônica da ilha, que não mediu esforços em nos ajudar.
Agora a realidade é encarar essas 3 ou 4 semanas de travessia sem o conforto e a praticidade de alimentos frescos.
Interessante a dependência que criamos dum equipamento tão discreto como este em nossas vidas. Um bom exercício para quem nos acompanha no blog é ir ao supermercado para provisionar suas casas, e imaginar que quando escolherem os produtos para colocar no carrinho de compras, devem levar em conta que não há geladeira para guardá-los. Vão ver como as opções diminuem, e a vida fica difícil.
Tirando as dificuldades de lado, a permanência da ilha, foi uma grata surpresa.
Incrível como uma comunidade de 5000 habitantes espalhados por 120 km2, se organizam e vivem em harmonia uns com os outros. Acolhem nós turistas de forma simpática e respeitosa, fazendo-nos sentir em casa. Impossível não notar a forma como se relacionam. Todos se conhecem, se cumprimentam sempre. A prestatividade é notável.
A ilha em sua periferia é Arida, fruto da agressividade dos ventos e a maresia que castiga a costa dia e noite. Fora isso a formação vulcânica da ilha, em constante erosão, torna a costa morta.
No entanto quando excursionamos ilha a dentro (alugamos um carro para isso), nossos olhos se surpreendem com a generosidade do verde das matas e dos gramados naturais. Percorrer as estradas sinuosas e estreitas é algo emocionante, pelo eminente perigo de um encontro com outro carro em sentido contrario. Porém tudo isto é compensado com o magnífico visual dos contornos da topografia dobrada, com o fundo azul em degrade do mar.
Conhecemos um hotel fazenda e pudemos desfrutar de um almoço na varanda observado o belo visual das bem cuidadas instalações centenárias. Dentro do casarão, relíquias de móveis que foram utilizados por Napoleão Bonaparte. O proprietário foi quem nos atendeu e ele mesmo preparou e serviu nossa refeição - um britânico que cansou de trabalhar a bordo de navios como chefe de comissários ( educadíssimo por sinal).
Tivemos a oportunidade de conhecer as casas onde Napoleão ficou hospedado (exilado), e o túmulo onde ele foi enterrado. Tudo (bem) mantido pelo governo Frances.
A vila principal da ilha é JamesTown, que fica incrustada num vale entre duas grandes montanhas e exprimida pelo mar.
Muitas histórias da ilhas, muita gente importante la esteve como: Darwin, Cook, Napoleão, Princesa Ane e mais uma infinidade de nomes.
Mais história da ilha, melhor pesquisar na web, que certamente não cometera equívocos que posso estar cometendo escrevendo enquanto navegamos rumo ao Brasil.
Dia 7/02 as 11:30 UTC, levantamos nossa ancora de Santa Helena, e bem de vagar passamos ao lado de nossos amigos que la ficaram: O Pacha Mama (Top To Top), O Nephente, O Little coconut...
Um clima de melancolia e tristeza da despedida de nossa ultima ilha e nossos amigos que continuam suas viagens se confundiu com a alegria de estarmos rumando ao encontro de nossas famílias.
Subimos nossas velas e motoramos por quase uma hora, saindo fora do efeito que vento faz a sotavento das montanhas.
Assim que livramos Santa Helena os alísios entraram com generosos 15 kts, bem em nosso traves esquerdo, numa navegação bem confortável a 7 kt.
Nosso rumo é direto até Guaratuba, e esperamos tempo bom até a costa brasileira na altura de Campos (estado do Rio). Deveremos passar a costa carioca e paulista afastados 300 milhas ou mais, rumo a nosso destino.
Mais próximos do continente iremos ver como as frentes frias estarão se comportando para quem sabe mudarmos nossa estratégia.
Serão 2450 nm (quase 4500 kilometros).
Nossa expectativa é fazermos a travessia entre 19 e 21 dias.
Nossa posição em 07/02/2012 as 17:35 UTC 16 07 S / 006 19 W
Tudo bem a bordo.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Décimo Terceiro dias CT/SH - Terra a vista!

Na noite do 12 para o 13 dia, o vento definivamente foi-se, e assim motoramos a noite toda.
O lado ruim é o ruído do motor que dificulta nosso sono, mas o lado bom é que podemos usar todos os eletrônicos ligados - Plotter, Radar, AIS e etc.
No turno da Sandra, o alarme do radar tocou e ela constatou a passagem do HMS Santa Helena, navio cargueiro que abastece a ilha passando próximo no mesmo rumo que a gente - vamos ter fruta e verdura fresca quando chegarmos! :)
Falar em chegarmos, de manhã avistamos a linha da ilha no horizonte.
Mais 5 horas estaremos ancorados.
Tudo bem a bordo.

Nossa posição em 31/12/2012 as 12:43 UTC 16 10 S / 005 22 W

Z

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Décimo Primeiro e Décimo Segundo dias CT/SH

O tempo nessa área tem um padrão que se repete todo dia.
A noite surgem alguns cumulus não sei de onde, e com eles rajadas de vento que aceleram o barco da tranquilidade que ele navega. De manhã o dia começa totalmente sublado, parecendo que vai cair o muita chuva, mas com o passar das horas vai abrindo, e por volta de 11 da manhã já não tem mais nuvem nenhuma no céu. Isso vai até a noite, quando começa tudo de novo.
O vento nos últimos dois dias não tem sido muito forte, mas suficiente para mantermos nossa média de 130 a 135 milhas por dia.
Hoje inclusive tivemos que motorar um pouco pois o vento simplesmente acabou, mas por pouco tempo.
Temos falado por radio com alguns barcos que também estão indo para Santa Helena. Um deles saiu da mesma marina que estavamos (Barco alemão de nome Yemanja), outro barco holandes (Zwerver) que saiu da Namibia.
Chegaremos quase ao mesmo tempo.
Segundo eles disseram, ja tem 11 barco ancorados em Santa Helena e mais 10 a caminho.
Vai ser uma festa novamente o reencontro de 21 barcos.
Ontem a noite fisgamos um dourado, que ja foi servido hoje grelhado com molho de maracuja! :)

Nossa posição em 30/01/2012 as 15:18 UTC 17 39 S / 003 58 W

Tudo bem a bordo

PS* Deveremos chegar amanha a tarde.

Z

sábado, 28 de janeiro de 2012

Nono e Décimo dias CT/SH

Anteontem depois de muito considerar os prós e contra, chegamos por algumas horas a abandonar a proa de Santa Helena e tomarmos a direção do Brasil.
Quase tudo a nosso favor, até as condições de vento melhoraram, pois deixou de ficar a nossas costas e passou a ficar no nosso travez esquerdo.
Durou pouco o "quase tudo a nosso favor", pelo fato do barco tomar o vento da esquerda (bombordo), ele adernou para a direita (boreste) e como o barco tem dois tanques de agua - um de cada lado, quase toda a agua migrou para o tanque de boreste.
Como a bomba e o pescador de agua ficam no tanque de bombordo, ficamos sem agua - claro, daria para lusitanamente retirarmos agua manualmente de uma lado para o outro, mas.. hajam nervos pra isso. Certos construtores e projetistas de barco deveriam velejar mais...
Para completar, o cabo do "burro" se rompeu, e para troca-lo com mais segurança somente parado.
Tomei esses fatores como um aviso... e resolvi manter o plano original - a parada em Santa Helena.
Fora isso, seriam mais no minimo 20 dias até o Brasil, que somados aos ja 10 dias totalizariam 30 dias de mar !
Se privando de agua, de comida fresca que ja acabou - restaram os enlatados, e o mais importante, estamos cansados desse chacoalho todo.
Resumo da história : estamos seguindo para Santa Helena como planejado, e no momento faltando em torno de 420 milhas.
Acredito que chegaremos terça feira de manha por la.
Tentarei o conserto da Genneker, vou arrumar o cabo do "burro",provisionar o barco com mais comida e agua (tenho dois tanques flexíveis que não usei a viagem toda, e acho chegou a hora), descançarmos um pouco e seguirmos viagem em alguns dias.
Temos funcionado o motor apenas para carregar as baterias, que no inicio da noite ja não aguenta a geladeira que deve estar consumindo mais que o normal desde o conserto provisório na saida de Cape Town.
Nada de peixe!
Incrivel a pobreza de peixe nessa área.

Nossa posição em 28/12/2012 as 8:19 UTC 21 10 S / 000 27 W

Tudo bem a bordo

Z

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Sétimo e Oitavo dias CT/SH

Começaremos a postar de dois em dois dias a partir de agora.
A razão é a falta de estações retransmissoras de SSB - A única num raio de 4000 milhas é na África e o sinal tem sido muito ruim. Outro motivo é que para conseguirmos baixar as cartas de meteorologia temos que usar o Iridium e aproveitamos para atualizar o blog e ler emails. Como não temos muitos créditos no prépago do Iridium... economizar é mandatorio.
Continuamos a duras penas mantendo nosso destino Santa Helena. Duras penas por que o vento insiste em ficar em nossas costas, e temos que alternar proas hora para um lado hora para outro. O mar não esta tão grande, mas esta muito picado, parecendo estarmos andando numa estrada esburacada, jogando de um lado para outro.
Ontem a linha que permanece da agua desde nossa saida de Cape Town, levou um puxão, seguido de vários outros! Pulei para recolher a linha, mas no momento seguinte, a linha se acalmou.
Acho que o peixe era muito grande para nosso anzol...
Os dias tem passado rapidamente, entre leitura, musica e muita contemplação da natureza a nossa volta.
Fizemos 1100 milhas desde nossa saida.
Daqui até Santa Helena ainda faltam 670 nm e para Guaratuba, 2810 nm.

Nossa posição em 26/01/2012 as 7:28 UTC 23 50 S / 002 59 E

Tudo bem a bordo.

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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sexto dia CT/SH

A boa notícia é que não precisamos motorar mais por falta de vento.
A má notícia é que o vento levantou o mar e o balanço tornou a vida a bordo difícil como em outros mares.
Mas não podemos reclamar, pois nada é perfeito.
Incrível o isolamento nestas águas, nenhuma alma viva (tirando os passaros e peixes) num raio de 1000 kilometros.
Continuamos torcendo pelos alíseos e pela melhora da condição do mar.
Hoje deveremos passar a latitude de Guaratuba e de Curitiba (falta pouco!), e provavelmente amanhã passaremos o meridiano de Greenwich.
Passou por nossas cabeças prosseguir direto para casa sem pararmos em Santa Helena, pois a ancoragem la não é das melhores, mas decidimos continuar com nosso plano inicial de "quebrarmos" a travessia do Atlântico para "esticarmos as pernas", e aproveitar nossa última ilha antes de chegarmos em casa.
Temos mantido uma velocidade média de 5.6 kt, ou aproximadamente 135 nm por dia.
Nesta média deveremos chegar em Santa Helena Terça Feira... mais próximo confirmarei.

Nossa posição em 24/01/2012 as 10:15 UTC 26 19 S / 006 19 E

Tudo bem a bordo.

Z

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Quinto dia CT/SH

Acabou a moleza.
Nem o Atlântico resistiu tanto tempo... também, não há mar calmo que resista a 25 kt de vento.
Pra ajudar, o vento esta soprando bem na nossa popa, e ao contrario do termo "de vento em popa", esta é a pior direção que ele poderia vir, pois o barco fica muito instavel e não conseguimos navegar na proa de nosso destino, pela falta da Genneker ou do pau de spinnaker que não temos.
Agora é torcer pra chegarmos logo na área dos ventos alíseos (pra cima da latitude 25 graus)
Deveremos chegar em Santa Helena em mais 8 a 9 dias somente.
O tempo apesar do que descrevi, esta ótimo, sol e etc.. apenas o frio da noite e de grande parte do dia ainda não nos deixou.
Nada de barcos, navios, baleias e peixes por perto. Apenas nosso amigo Petrel que nos acompanha fazendo evoluções que deixam qualquer aviador acrobata de queixo caido. Que habilidade dessa ave!!!

Nossa posição em 23/01/2012 as 8:54 UTC 27 43 S / 008 14 E

Tudo bem a bordo.

Z

domingo, 22 de janeiro de 2012

Quarto dia CT/ SH

Mais um dia de mar e vento calmos...até demais!
Motoramos boa parte da noite aproveitando para carregar as baterias e ajudar um pouco na singradura.
Nada nem ninguém ao redor. Apenas avistamos um navio. Muito raramente um albatroz solitário vem dar um alô sobrevoando o Tuta.

Tudo bem à bordo, vamos curtindo o Atlântico em quanto aguardamos os Alíseos.

Nossa posição em 22/01/2012 as 7:42 UTC 29 06 S / 010 14 E

Sandra

sábado, 21 de janeiro de 2012

Terceiro dia CT/SH

Mais um dia ótimo.
O sol brilhou o dia todo, bom vento, mar calmo e velocidade média de 6.5kt.
Até um atum no final do dia nós pescamos (em boa hora, pois as carnes que compramos com a história da geladeira que quebrou antes de sairmos, acabou ficando no gelo numa bolsa térmica... estavam meio esquisitas e jogamos fora).
Hoje de madrugada, o vento diminuiu até que parou totalmente.
Estamos motorando, tentando avançar mais em busca dos ventos alíseos que devem estar perto dos 25 graus sul (estamos em 30 ainda).
De vagar vamos criando rotinas em função da novidade de mar calmo, pois desde que começamos a viagem sempre lidamos com mar agitado. Ontem até ginastica a Sandra fez no cockpit.
A previsão é que a partir de amanhã o vento volte e assim permaceça até a chegada em Santa Helena.
Vamos ver!
Tudo bem a bordo.
Nossa posição em 21/01/2012 as 7:20 UTC 30 30 S / 012 13 E

Z

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Segundo dia Cape Town - Santa Helena

Tenho até receio de falar muito, mas para não dizer que tudo esta perfeito (mar e vento), ontem a "gorda" como chamamos carinhosamente nossa Genneker, rasgou-se - acreditamos que por falha de material. Ela é tricolor (azul, verde e branca), e o rasgo foi exatamente no branco. Puxei com as mãos um pedaço do tecido e ele se desmancha como que apodrecido. Isso já tinha acontecido na travessia da Austrália para a Indonésia, mas a costuramos. Agora não há muito que fazer. E eu que tinha planos para usá-la durante toda a travessia para o Brasil. Outro fato foi sermos surpreendidos por um estouro de água jorrando sob a pia. Sorte estarmos perto e imediatamente desligarmos a bomba d'água, economizando nossa preciosidade. Por alguma razão um dos filtros de carvão que instalei em linha antes da torneira, simplesmente se rompeu. Fiz uma ligação direta da saída da caixa ao primeiro filtro (antes eram dois). Tudo resolvido.
Temos feito uma média de 144 milhas diárias, num mar calmo que tem nos permitido descansar.
Ontem os leões marinhos e as aves sumiram, talvez pelo distanciamento da costa, e pela mudança da água que já passou a ser o azul profundo que estamos acostumados nas travessias.
A atmosfera em torno de onde passamos é sempre de nevoa úmida com pouca visibilidade, fruto do ar úmido e quente sob a água fria.
À medida que formos indo mais ao norte, acredito que este problema diminua.
Sol mesmo, poucas horas do dia, fato que nos obriga a ligar o motor para carregar as baterias.
Tudo bem a bordo.
Nossa posição em 20/01/2012 8:30 UTC - 31 42 S / 014 05 E

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Zarpando da África

Os últimos quatro dias que antecederam nossa saída da África do Sul foram no mínimo tensos.
Marcamos e adiamos nossa partida por três vezes. Uma delas por panes no Tutatis - o exaustor do motor funcionava intermitentemente (tive que trocá-lo), e depois a geladeira quando chegamos com as provisões deixou de funcionar simplesmente. Até tentei consertá-la na noite que antecederia nossa saída, mas até uma da manhã, consegui identificar que o problema era na caixa eletrônica que controla o compressor. Várias ligações para o Brasil para a empresa que fabricou a geladeira, e a conclusão final seria o envio de uma nova caixa eletrônica. Duas a três semanas de atraso. Passei a noite "ruminando" o problema. Pensei até na possibilidade de comprar um novo compressor com controlador acoplado, mas a opção era cara demais. Optei por abrir a caixa lacrada... Encontrei um diodo queimado, razão pela qual a entrada de energia estava em curto. Cortei fora o dito cujo (que serve apenas para evitar a troca de polaridade) e ela funcionou. Todavia, já havíamos perdido a janela de saída e o vento castigou a gente pelos próximos dias.
Na marina, tivemos ventos de até 50 kt. Os barcos se agitavam como que navegando. Tivemos que reforçar os cabos de amarração. As passarelas da marina que dão acesso aos barcos levantavam perigosamente. Filme de horror.
Finalmente ontem, Quarta Feira, 18 de Janeiro madrugamos e as 6:30 zarpamos do Iate Clube de False Bay, em Simon's Town.
A baia estava calma, e um ventinho começava a soprar de sul (10 a 15kt), e tivemos de orçar para prosseguir com a ajuda do motor rumo ao cabo da boa esperança.
Fizemos o cabo as 9:00 horas, já sem a ajuda do motor, e quando festejávamos nosso feito, tivemos que rapidamente ligar o motor e manobrar para escapar de diversas redes "plantadas" exatamente na passagem entre o cabo e algumas rochas que afloram na superfície.
Mais adrenalina para não esquecermos o momento.
Finalmente mudamos nosso rumo de sul para o norte, agora sim de volta para a direção de casa.
Todas as velas em cima, fomos lentamente nos afastando de Cape Town, deixando o lindo visual de "Table Moutain" para trás.
Içamos a Genneker e navegamos com ela e a grande, até o fim do dia.
Ao cair da tarde fomos premiados com a visita de várias centenas de golfinhos que surgiram de todas as partes, assim como bandos enormes de leões marinhos e aves que certamente estavam caçando algum cardume.
A noite foi tranqüila e o dia de hoje até agora a tarde também.
O Atlântico nos recebeu bem, com bom vento e mar calmo.
Restam ainda mais 1500 milhas até Santa Helena, nossa parada antes de chegarmos ao Brasil.
Deveremos cobrir esta distância em mais onze dias.
A previsão de tempo até lá é boa.
Tudo bem a bordo.
Nossa posição em 19/01/2012 as 12:39 UTC - 32 52 S / 015 58 E
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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

África do Sul – Nos preparando para a travessia do Atlantico


Fizemos de tudo um pouco em nossa estadia nesse belo país.
Viajamos pelas estradas, viajamos de avião e até de trem.
A nossos olhos pareceu que a economia aqui vai bem, pois o retrato dela se percebe no design moderno e boa conservação das estradas, pontes e viadutos, assim como nos aeroportos por onde passamos.
A frota de veículos das grandes capitais, Cape Town, Johanesburgo e Durban, é em sua maioria nova e carros de primeiríssima linha (Mercedes, Bmw, Porshe, e até Ferrari).
Falar dos grandes Shoppings Centers que se proliferam pelas capitais também transparece boa saúde econômica.
O custo de vida aqui é bem mais baixo que a grande maioria dos países por onde passamos nesta viagem, e até mesmo do Brasil.
A qualidade, quantidade e preço de frutas, vinhos, queijos e demais iguarias é algo que sentiremos saudades.
Tivemos um Natal bem diferente dentro do Kruger Park junto com minha filha Flavia e seu esposo Tato que vieram nos encontrar.
O Kruger Park mereceria um relato a parte. Descrevo-o como um lugar imperdível para quem ama a natureza.
Os Sul Africanos estão fazendo um bom trabalho de preservação das espécies e manutenção dos parques.
Tiramos algumas centenas de fotos das inusitadas situações que passamos – presenciamos uma caçada feita por um leopardo a uma impala, a poucos metros de distancia, fomos acuados por um enorme elefante numa estrada estreita, pudemos observar manadas de elefantes, girafas, zebras, impalas, gnus, cheetas, hipopótamos, rinocerontes, búfalos e muitos outros animais e aves que não me recordo agora.
Foi algo inesquecível.
Voltamos do parque até Johanesburgo de carro e de lá para Cape Town de avião, onde passamos o fina de ano em família ainda.
Como tudo que é bom dura pouco, os dois tiveram que voltar ao Brasil e eu e a Sandra voltamos a nos focar nos preparativos para a ultima etapa.
Tiramos o Tuta da agua e trabalhamos duro por uma semana, pintando o fundo, removendo as faixas decorativas de adesivo que no caminho se desgastaram, consertando o leme, e demais serviços necessários.
Nosso amigo Vince nos ajudou muito, tanto no trabalho do barco quanto nos ciceroneando pela linda e bela Cape Town.
Alias sobre a cidade, tenho certeza ser uma das 10 mais belas cidades do mundo, apenas um grave defeito – o clima nervoso. Nunca vi lugar com ventos tão instáveis, constantes e fortes em lugar algum.
Isso impossibilita muitas vezes atividades que a gente planeja.
Sem querer fomos “premiados” por um dos mais belos dias (sem vento e céu totalmente azul), quando alugamos um carro e pudemos visitar a famosa “Table Moutain”. É de tirar o folego o visual.
Os Sul Africanos que moram em Cape Town são privilegiados pela natureza, convivendo com belas paisagens por onde se olha. Como para a maioria, o referencial de vento e tempo é este, aqui é o paraíso !
Estamos com quase tudo pronto para a viagem, que em principio será dividida em duas três etapas: África do Sul – Namíbia, depois Namíbia – Santa Helena e finalmente de Santa Helena direto a Guaratuba no Paraná, de onde saímos a quase três anos.
O Tutatis não aguenta muito tempo sem nos aprontar alguma coisa, e na semana final não poderia ser diferente: após a revisão de motor, fui liga-lo e verifiquei o exaustor de ar do motor queimado... lá fomos nós atrás da peça.
Ontem a tarde quando trazia as compras do supermercado para provisionar o barco, fui coloca-las na geladeira... surpresa! Ela parou de funcionar!
Fiquei até a madrugada tentando diagnosticar o problema.
A caixa eletrônica que controla o compressor estava em curto, e queimou o fusível de proteção interna.
De manhã corri atrás de técnicos, lojas (vendo preço de uma nova), e falando com o fabricante no Brasil.
Resumindo perdi o dia lidando com ela.
Abri a tal da caixa, e suspeitei de um pequeno diodo, mas me faltava coragem para corta-lo fora. Nosso amigo Peter veio despedir-se da gente, e trouxe consigo seu amigo alemão também iatista, que é engenheiro eletrônico por coincidência... Trocamos ideias e ele também concordou com minha suspeita e me deu força para cortar fora o diodo.
A geladeira voltou a funcionar!
Amanha ele vai me emprestar um diodo novo que tem de reserva, e tudo vai ficar em seu lugar!
Pretendemos sair de Simon’s Town amanhã mesmo, já que pagamos a Marina até amanhã, e faremos o Cabo da Boa Esperança, rumando para Cape Town, onde  deveremos ficar na marina “Royal” em frente a cidade, perto de onde faremos a saída na imigração e Aduana.
Provavelmente na Segunda Feira após a burocracia, zarparemos.

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