Retornei do Brasil para a Austrália na véspera do natal.
Passamos o natal a bordo do Tutatis, na marina East Coast, e alugamos um carro para irmos até Sydney passar o ano novo com nossos amigos Oscar e Graciela.
Alias foi um privilégio o lugar de onde assistimos a festa de fim de ano dos australianos – exatamente de frente ao Opera House, a bordo do Zenitude que estava ancorado em Sydney Harbour.
Bela festa.
Retornamos para Brisbane no dia seguinte para terminarmos a infindável lista de manutenção e melhorias do barco.
Presenciamos as intermináveis chuvas e pela tv acompanhamos as enchentes que assolaram Brisbane.
No mês de Janeiro tive um convite de trabalho em uma empresa chinesa em Shenzhen, e lá fui para a China fazer os testes e entrevistas. A Sandra ficou a bordo mais uma vez. Retornei final de Janeiro, e na semana seguinte tiramos o barco da água para pintura de fundo.
Na retirada, constatamos a corrosão total do anodo da rabeta, assim como grande parte dela. Depois de muita pesquisa chegamos a conclusão que a reação galvânica foi fruto da conjunção de algum problema do fornecimento de energia elétrica da marina e a instalação elétrica do barco que apresenta alguma falha em seu aterramento. O resultado, ou melhor falando o prejuízo, foi uma rabeta nova e dez dias de marina (havíamos previsto três).
Barco na água novamente, iniciamos o planejamento para nos movimentarmos.
Resolvemos seguir até o sul – Gold Coast, pelos rios e mangues que ligam as duas cidades (poderíamos ir por mar também).
A viagem foi muito interessante, feita numa região muito rica em fauna e flora, muitos barcos em todo o percurso e muito stress também devido a baixa profundidade dos canais.
Apesar de seguirmos dois sistemas de cartas de navegação ( Navionics e Garmin) e checando sempre com manuais locais, certos pontos simplesmente não constam a sondagem de profundidade, e descobrimos isto da pior maneira.
Foi um vai e vem constante até acharmos o caminho certo.
Tivemos que pernoitar no meio do caminho devido a maré baixa que impedia nossa passagem, aguardando a manhã seguinte para podermos continuar.
Chegamos a Gold Coast, e fomos direto para o ancoradouro que acabou virando nosso endereço por 10 dias. Muita mordomia na ancoragem, com uma linda praia a 200 metros, supermercado e shopping center com píer para o dingue a 10 minutos, abastecimento da agua grátis, cabine de banho grátis também e além disso um píer a 100 metros onde podíamos deixar o dinguie para nossos passeios de bike.
Alias ótimos passeios pelas lindas praias de Golden Cost.
Acompanhando sempre a meteorologia da região, aprendi o comportamento das frentes e perturbações (nem sempre previsíveis do mar da Tasmânia).
Surgiu uma janela para podermos seguir mais ao sul, e zarpamos com destino a Sydney.
Dia 25/02 – sexta-feira as 17 horas deixamos a barra de Gold Coast.
As cartas de navegação e as referencias dos manuais locais mencionam a existência da corrente da Austrália que em alguns pontos chega a 4 nós em direção ao sul.
De fato, encontramos a dita cuja, e por menos pano que colocássemos, andávamos a 8 nós de média. Vento também é coisa que a partir do meio dia sempre existe e forte, e morro abaixo.
Resultado é que em 48 horas havíamos feito quase 360 milhas.
Mas como tudo que é bom, dura pouco, uma linha de instabilidade apareceu do nada nas cartas de previsão. Achei melhor descansar ancorados em algum lugar seguro. Optamos por Port Stephens. Noite tranquila, e pudemos dormir bastante.
Dia seguinte, calculei que ainda teríamos mais algumas horas antes do mau tempo chegar até onde estávamos e decidimos seguir até New Castle, 25 milhas ao sul, o que nos deixaria a 12 horas de navegação até Sydney e evitaríamos uma noite no mar.
Ao entrarmos em New Castle, no final da tarde, o tempo como previsto, virou.
Chuva e vento forte a noite toda, mas estávamos protegidos no píer da marina que acabamos ficando três dias aguardando o mau tempo passar.
New Castle é uma pequena cidade muito linda, com construções que lembram muito a Escócia e Inglaterra.
Não aproveitamos mais devido ao mau tempo.
Finalmente dia 2/03 Quarta-feira madrugamos, e tivemos um dia bem calmo de vento e mar, mas em contrapartida tivemos que motorar até 15 milhas antes de Sydney, quando o vento entrou, e pudemos velejar.
Entramos em Sydney Harbour em grande estilo, com todo pano em cima.
A entrada da baia é muito linda, com paredões de rocha parecendo falésias que acompanham os últimos quilômetros da costa até o espaço da entrada.
Na boca da baia, na ultima curva a silhueta da cidade e seus monumentos famosos surgem nos chamando a atenção.
A quantidade de veleiros e barcos que pudemos ver dentro da baia é algo notável.
Esse povo adora o mar e a vela, definitivamente.
Optamos passar a primeira noite bem próximos a entrada, na primeira enseada abrigada, próximo a Manly e o antigo posto de quarentena.
Lugar tranquilo, mas devido ao constante vai e vem dos ferries que fazem Sydney – Manly, um ondular constante, perturba a paz do lugar.
Ficamos mais um dia ainda ancorados ali para descansarmos e ajeitarmos o barco da viagem.
Dia seguinte, levantamos ancora para nos mudarmos para dentro da baia.
Apesar da chuva fina intermitente, apreciamos muito o visual da cidade, do Opera House, da famosa Harbour Bridge e dos milhares de veleiros que cortavam nossa frente em dezenas de regatas.
Fomos direto para o ancoradouro “Fish Market”, ao lado do mercado da cidade.
Um comentário:
Que bom receber notícias de novo, vocês não são muito "caxias" no blog, mas eu entendo, sei que a vida de cruzeirista é muito mais agitada do que muitos imaginam. Curtam a viagem, e mandem notícias sempre que possível. Eu sigo navegando virtualmente com vocês.
Abraços
Thomas
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