Logo na manhã seguinte a nossa chegada, tratamos de "reconhecer" o terreno, pois nos pareceu que o lugar onde atracamos o Tutatis não era dos melhores, sem falar na área onde estávamos - o cais abandonado e péssimamente mal freqüentado..
Conseguimos um lugarzinho na marina do outro lado do rio (havia esquecido de mencionar que East London fica na margem do Rio Bufalo), e acabamos por nos transferir para la no dia seguinte.
Sempre alertados pelos locais para não sairmos da marina a pé nem com as bicicletas, nos sentimos meio prisioneiros em nossa estada, já começando a nos lembrar de como é a civilização.
Um dos amigos do Vince a quem fomos recomendados nos deu uma carona até o aeroporto local onde alugamos um carro para pelo menos conhecer um pouco da área em segurança.
Encontramos uma reserva particular de animais, onde passamos quase o dia todo - Inkwekwenzi, park.
Bem interessante nosso passeio, pois a direção do parque nos proporcionou uma visita a área a fim de podermos fotografa-la para o projeto do livro ao fim da viagem.
Elefantes e Chitas que pudemos interagir com eles, fora isso uma grande família de leões em sua maioria brancos. Lindos!
Aproveitamos o carro para provisionarmos e abastecermos o barco. De volta ao Tutatis, passamos a noite e o dia seguinte abaixo de chuva e vento, fruto de outra frente fria.
A mesma rotina, checando a meteorologia três a quatro vezes ao dia, em busca da próxima janela.
Finalmente surgiu outra oportunidade de seguirmos viagem, porem dois dias de tempo razoável.
Madrugamos novamente e saímos do canal as 6 da manhã, rumo a Port Elisabeth.
Em nossa parada em East London, ficamos sabendo que dos quinze barcos que estavam programados sair de Durban junto com a gente, apenas quatro o fizeram. Um deles o Empire (família Dinamarquesa) que chegou em nossa frente em East London, o Exabyte nossos amigos "Vikings" que resolveram não parar em East London ( entrarm em Port Francis - 40 milhas mais ao sul), e o único barco brasileiro que encontramos depois da costa Sulamericana, o "Carol" com o Raimundo fazendo a circunavegação solitário, também passou por East London e acabou chegando em Port Elisabeth com avaria no barco (a retranca foi amassada num jaibe provavelmente não intencional)... o vento por aqui faz dessas coisas.
O vento entrou logo cedo, e o mar cresceu rapidamente. Pouco pano em cima e la fomos nós...
O frio esta cada vez mais intenso a medida que avançamos ao sul. Já temos que colocar a porta totalmente fechada para manter a cabine aquecida e fazermos nossos turnos de dentro, cuidando do AIS e da navegação de forma mais confortável. Tivemos de tudo.. chuva, vento forte, vento exatamente na popa - nos obrigando a motorar, pois não me agrada perder tempo em sair de nossa proa num lugar desses. Meu objetivo é chegar e logo! Passamos por Port Elisabeth, pois o tempo parecia bom, e aproamos Mossel Bay.
Como navegamos o tempo todo ao longo da costa e próximo a ela, pudemos ter sinal de rede 3G, e assim as previsões meteorológicas podiam ser checadas mais rapidamente. Constatei que a janela encurtou, com a chegada de outra frente. Optamos por entrar em Port Francis onde nossos amigos estavam. Chegando na entrada da barra, vi que a coisa era complicada. Uma arapuca daquelas...
Construiram um molhe paralelo a praia, mas com uma abertura muito grande para o swell que entra sempre de sudoeste... as ondas são Imensas, estourando contra as pedras do molhe.
O canal tem uma largura mínima. Foi assim que decidi seguir viagem mais ao norte, ainda com tempo de chegarmos a Knysna.
Chegamos na barra de Knysna bem cedo, por volta de 6 da manhã, depois de motorarmos no contravento, vendo a pressão cair e cair...
A hora não era boa, pois as recomendações para a entrada da estreita barra é de fazê-lo uma hora antes da maxima da maré alta, e nos estávamos no meio da vazante. Os manuais falavam em 7 kt de correnteza contra. Chamei o pessoal do Rescue ( um serviço voluntario de resgate a ajuda aos navegantes na Africa do Sul, que funciona de maneira perfeita). Eles me fizeram algumas perguntas da perfomance do barco e disseram que eu não teria problemas em entrar.
Foi pura adrenalina passar a 5 ou 10 metros de cabeças de pedras enormes de um lado, ondas estourando do outro, e a correnteza e swell tentando tirar você da proa que é balizada por faróis.
Bom pelo menos que durou pouco.. e em cinco minutos estávamos dentro da grande e linda baia de Knysna.
Novamente, foi ancorarmos e o vento começar.
Ventou tanto que a nossa ancora não agarrou e tive que reposicioná-la.
Novamente o vento apertou chegando a 40/45 kt, e a ancora claro.. desgarrou de novo.
Já estávamos indo pra cima da praia atrás de nos, mas conseguimos nos safar. Por iniciativa da Sandra, resolvemos chamar o time do rescue novamente. Os caras em cinco minutos chegaram numa grande lancha com 6 ou 7 pessoas, todas paramentadas com roupa de neoprene, coletes, capacetes.. parecia filme de ação.
Foram muito eficientes, nos ajudando a amarrar o Tutatis a uma bóia abandonada que estava sem cabos. Joguei outra ancora também para poder ficar mais tranqüilo.
E assim passamos nossa primeira noite, em meio a vendaval e chuva, torcendo pra bóia agüentar.
Dia seguinte nossos amigos do GOBEYOND e do JANGADA, nos chamaram pelo radio para as boas vindas, e depois de algumas horas conseguiram um lugar pra nos dentro da marina.
Pudemos finalmente curtir um local na Africa sem nos preocuparmos com segurança.
Uma bela estrutura de lazer e turismo em volta da Marina, assim como da cidade, rodeada de condomínios de alto padrão.
Os dias passaram rapidamente, pois as atividades eram constantes, caminhadas, passeios de bike e até shopping.
Happy hour todo dia no barco de alguém.
Todos de olho no tempo também, na expectativa da próxima janela, pois quase todos tem familiares chegando para o final de ano em Cape Town.
Foram quase cinco dias bem aproveitados, mas era hora de seguir, pois o mau tempo deu uma trégua de uns três dias.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
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